sexta-feira, novembro 23, 2007

Plantago cativa


Ele veio. Trazia um sorriso plantado, que germinara pelo fio do telefone. À meia noite exacta, decidiu que a fase da lua era a certa. Ela recebeu-o transportando o seu ponto de interrogação de estimação. Não é dúvida: é questão. Passaram a noite com os braços e pernas entrançados e, de manhã, quando o sol decidiu resgatá-lo desprenderam-se como as folhas da árvore no Outono. Ela não falou de amor, mas o que sentia dava-lhe cores amarelas, vermelhas e laranja.
Ele veio. O braço estreitava. O amargo de boca gotejava como seiva bruta. A luta pela luz tinha início. Uma, epífita, sobre a casca dura, tiranizando sôfrega. A outra, cedendo a exigências e ausências. Ele não falou de amor, mas a cada gemido dela, o seu tronco produzia mais um anel.

1 Comments:

Blogger varna said...

...e mais um ano. (bonito texto)

já agora, além do kafka e das breeders está lá também um casaco que trouxe da lituânia (igualmente importante!)

10:13 da tarde  

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