sexta-feira, maio 29, 2009

um dia...

deixei cair o meu portátil. fiz-lhe uma mossa. tudo funciona. não percebo mas tudo funciona. só tem é a mossa a lembrar-me que o deixei cair durante a aula e fiz de conta que não era nada para não dar a impressão de ser alguém que valoriza demais algo meramente material. faz-me lembrar outro episódio: quando usaste um x-acto e cortaste a mesa acabadinha de comprar. e agora sempre que lá passo a mão a diferença de relevo faz-me lembrar o quão aborrecida fiquei. são só coisas, mas à semelhança das coisas, também eu tenho mossas e cicatrizes que perduram. essas marcas não são boas, nem más, não são bonitas nem feias, só me fazem lembrar. a maior parte das vezes fazem-me sorrir pois parecem episódios que vivi há mil anos atrás. mas, ao contrário de outras memórias estas deixaram uma marca física e, por isso, não posso duvidar da sua veracidade. 
tens voltado à minha memória agora, de formas mais ou menos subliminares, agora que percebi que o meu coração já não te ama. não é curioso isso? e depois dei por mim a falar mal de ti o que também é curioso. pois quando o meu coração continuava preso à memória de ti nenhum pensamento horrível se insinuava sequer na minha mente. agora que me desliguei de ti finalmente falo mal de ti apenas porque posso fazê-lo. curioso não é?
e sabes como me libertei de ti? através de outra pessoa. alguém que aprendi a amar, primeiro porque ele tinha um bocadinho de ti e depois porque ele era melhor do que imaginei. estou a aperceber-me de tudo isto à medida que escrevo isto. bem sei que tenho reflectido imenso e que tudo isto é o  colmatar desse processo de auto-análise, mas ainda assim é surpreendente a forma como tudo está a fazer sentido neste preciso instante.
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