Chuva de cinza
Hoje acordei cedo. Fui fazer análises ao sangue.Ao sair de casa deparei com o meu carro coberto de cinza e esta continuava a cair do céu. Senti-me no meio de um ambiente de catástrofe. Perto de um vulcão, por exemplo. Não era a primeira vez que chovia cinza sobre a minha cabeça. Mas senti-me triste pois sabia que eram folhas, ramos e troncos de seres vivos cremados que sentia a flutuar à minha volta. Fechei os olhos e, em oração resumida, pedi que parasse de chover. Isto foi às oito da manhã. São onze e meia e, embora o céu já não enviasse aquela nuvem laranja, a minha varanda branca continua pintalgada de negro, com os restos mortais desses outrora verdejantes seres. O mundo tem tantas cores para quê reduzi-lo a uma só?
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