sexta-feira, janeiro 20, 2006

Vivo de amor


Ultimamente vejo-me confrontada com algumas meditações. Algumas delas difíceis de destrinçar e que sei não terem uma resposta definida, mas antes constituem respostas plausíveis nos momentos que vamos vivendo, e que, portanto, são passíveis de alteração.
Assim, falo, por exemplo, da que é actualmente a minha concepção de amor. Esse sentimento forte e tão almejado. Já senti o amor como uma forma de vida, como um objectivo supremo. Já o vivi e senti impregnado na alma e no corpo. Conheço-o e reconheço-o. Mas hoje sei que apenas é um sentimento, não é permanente, não é um estado, não é algo que possua, tangível. É bom senti-lo, seja um amor fraternal, de amizade ou o amor romântico. Devolve-nos uma humildade fácil de esquecer, quando nos apercebemos da importância do outro na nossa vida e de que nem tudo gira em torno de nós. Faz-nos sair do centro, desconcentra-nos e leva-nos a explorar os limites. É bom e desejável ter e dar amor. Nem tem de ser o do tipo romântico.
Vivo numa altura em que sinto ser-me mais fácil amar. Não quero dizer que sei amar melhor, porque também acho que melhorei nesse aspecto, mas estou mais predisposta ao outro, a aceitar as diferenças e a encontrar os pontos de conexão nesta rede de que todos fazemos parte.
Sinto, neste preciso momento em que escrevo, que amo uma pessoa especial, talvez a tal. Não a idealizo, vejo claramente alguns dos seus defeitos e aprecio as suas evidentes qualidades, e mesmo assim amo-a. Deveria dizer amo-"o". Sinto-o de uma forma forte, tão honesta que é crua e tão despida que me comove. Não sei se este sentimento se vai manter ou se poderei sequer revelá-lo. Mas amo-o. No fundo, escolhi este tema para o post de hoje apenas para fazer esta confissão. Se este amor se puder concretizar, sei que vai ser duradouro. Porque o que sinto é translúcido, maduro e tem uma qualidade intrínseca de sensatez, transpira confiança e segurança. Disse-lhe até: "Bom demais para ser verdade". Disse-o porque a minha auto-confiança não é tão elevada que achasse merecer tanto. Após alguma reflexão (porque hei-de mentir?, intensa e elaborada reflexão, pois que não tenho pensado noutra coisa)sinto que não é uma questão de merecimento, é sim, a fatalidade que estava à espera.
O amor é um sentimento, vive-se instante a instante, é passível de transformação. Deste amor que sinto agora espero que seja uma sucessão ininterrupta desse sentimento, de tal forma que me pareça contínuo, perene, resistente, e que toda a transformação que dele advenha ou que dele faça parte, me metamorfoseie num ser melhor.
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