sábado, abril 15, 2006

No limbo


Esta expressão é curiosa: viver no limbo. O limbo das folhas é até uma parte bem desenvolvida da maioria das plantas, servindo de suporte a tantos seres. No entanto, é no limbo que muitos de nós vivemos. Sujeitos às forças poderosas do acaso.
Descobrir isso, de que estamos sob o jugo do acaso, é simultaneamente libertador e assustador. Pois, significa que as nossas responsabilidades ganham leveza, mas por outro lado, perdemos qualquer noção de localização, do que pode ser de nós, perdemo-nos. Tomar consciência que não sabemos nada, não num sentido de conhecimento puro, mas no sentido em que não podemos fazer nenhuma afirmação relativa ao futuro é maravilhosamente caótico. A vida entra em anarquia. Viver não tem nenhuma regra agora. É delicioso pensar que amanhã é tão possível eu estar a receber o compasso em casa dos meus pais como andar a passear nos Champs Elysées. Bem, sejamos ousados, estar a dançar numa tribo maori, ou melhor ainda, a tirar fotos com uma magnífica máquina digital num planalto chileno.
Tudo isto para dizer que ao perceber que, tudo o que me acontece, ou não, resulta do acaso, não fez de mim niilista (talvez uma lato-niilista, termo não criado por mim, mas que me descreve agora). Acredito que apesar de nada regulamentar a minha vida, o tempo que aqui estou deve ser usado para me aperfeiçoar, sabendo eu que esse é um processo longo e cíclico, pois há sempre lugar para melhorar. Posso escolher acreditar no que quiser, mas sei sempre que nada é mais ou menos verdadeiro.
E com isto devo dizer que adquiri uma paz interior, que sei não ser permanente, nem verdadeira, mas que me trouxe serenidade. Sinto satisfação porque sinto que evoluí, mas sei também que irei evoluir de novo. Isto que sou agora, deixará de fazer sentido em breve.
Quando iniciei este post não sabia que era aqui que iri chegar, mas é aqui que estou. Talvez a próxima linha seja surpreendente para quem ler, porque vai sê-lo para mim, uma vez que não sei o que irei escrever a seguir. (pausa)
Queria falar de ansiedade. No fundo estou ansiosa. Porque estou perdida. E se penso nisso fujo. Não quero dizer o que me traz ansiedade, mas eu sei o que é. Se isso que temo se tornar a minha realidade, então eu conto.

sexta-feira, abril 07, 2006

Simples


Como sou simples! Como sou eu! Leio o que já escrevi outrora (por exemplo os posts anteriores) e sei que sou eu, fui eu. Como pode alguém achar-me complexa? A concepção, a ideia de mim é tão facilmente reconhecível. No entanto, revejo a minha complexidade no outro. Quando digo que amo, digo o que sinto em toda a sua transitoriedade. A emoção vive do momento de um estado mutável de alma. Amo, amei, amarei. Provavelmente não a mesma pessoa. Amo-me a mim própria e a simplicidade desse sentimento permite-lhe alguma, ténue, difusa, imutabilidade.
Numa fase de vida em que usufruo de alguma estabilidade (em breve menor), de alguma auto-estima e segurança, posso dizer que amar é importante mas ser algo para alguém é bem melhor. Ser a fonte de energia, de consolo, de alegria, de compreensão para o outro. Nada é tão significativo. E nada é tão simples. Esquecer-me de mim e ser apenas a fonte. Ser simples!
Tenho um sorriso nos lábios, escondido num dos cantos da minha boca. Amo esse sorriso por saber que ele vai estar lá sempre que precisar. Talvez mais alguém o venha a amar também.
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