domingo, agosto 10, 2008

Smoke gets in your eyes

Falar dos outros é sempre falar de nós próprios. Tive uma semana difícil. Bem, a dizer a verdade, tive um ano dificil. Afinal, tenho de pôr tudo em perspectiva e pensar que nem tudo foi assim tão difícil. Tive momentos melhores e outros não tão bons. Como sempre não é?

As pessoas desiludem-nos da forma mais inesperada. Porque morrem, porque desistem, porque nos abandonam, porque erram ou simplesmente porque não fazem aquilo que estamos à espera que façam. Quase nunca o fazem para nos magoar. A maior parte das vezes fazem-no para ir de encontro às suas próprias perspectivas que, por serem as delas não são sempre as mesmas que as nossas. Mas não é por haver explicação que essa desilusão deixa de nos magoar. Dói na mesma. De todas as vezes. Mesmo envelhecendo e amadurecendo (sim, não são sinónimos) continua a magoar que se esqueçam de nós, que nos troquem, que não nos amem como nós amamos. Mesmo sabendo que não o fazem por mal.

Aceitar essa condição íntrinseca da relação com os outros que é a decepção é aceitar a humanidade em todos nós. Nenhuma relação existe sem que esse risco esteja sempre lá. E o mais estranho de tudo é que não é uma relação linear e inversamente proporcional com a quantidade de amor que sentimos, do género: quanto mais amamos uma pessoa menor a probabilidade de a decepcionarmos ou de ela nos decepcionar a nós. São tantos os factores que interferem que até chega a ser possível exactamente o contrário: quanto mais amamos uma pessoa maior a possibilidade de ela nos decepcionar. É até fácil ver o porquê. Porque quando amamos entregamos os pontos, damos tudo e acreditamos que o outro veio ao mundo apenas para nos amar. Como isso é falso! E como isso é tudo o que sempre quisemos! Que o amor fosse a razão de tudo! Que se existir amor tudo é possível, até mesmo uma relação sem decepção, sem sofrimento. Que ingenuidade a nossa! A minha, quero eu dizer...

Talvez desta vez, após(mais) esta decepção, eu tenha amadurecido de facto. Eu tenha deixado de acreditar numa relação ideal de amor sem decepção. Talvez agora eu perceba até que ponto a decepção faz parte de qualquer relação. Que eu não preciso de colocar expectativas tão elevadas em cima dos outros e que até é perdoável que eu magoe alguém no processo. Claro que escrevo isto a ouvir a Peggy Lee cantar "Smoke gets in your eyes"...

quarta-feira, agosto 06, 2008

love has strange ways...

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