a dois
isto de amar não é coisa pequena. somos outro quando estamos numa relação dita de amor. quando a vida estava ainda no ínicio numa fase que designamos adolescência, a ligeireza da relação de amor era sublime. o mundo estava contra nós e individualmente proporcionávamos ao outro uma fuga às cruezas desse mundo. procurávamos definir quem éramos passo-a-passo, por tentativa e erro, mas sem a necessidade imperiosa de que tudo corresse na perfeição, sem medo que o tempo estivesse contra nós. afinal, éramos donos da convicção simples de que tínhamos mais capacidades que todos os outros.
agora, amar é toda uma panóplia de sentimentos causadores de desgaste e emoções contrastantes. tudo serve para determinações e contraposições. se, por um lado, amamos o outro como ele nos parece aos nossos olhos, sabemos já que nem sempre o que parece é e pomos imediatamente um pé atrás e ficamos à espera, de soslaio, que a dúvida apareça, que a falha surja, que o defeito se revele. tudo isto, só para podermos dizer, em tom semi-vitorioso, semi-contristado, "eu sabia, é sempre assim", esquecendo as nossas próprias miniducências. se acreditamos que o outro tem algo novo para nos ensinar, também sabemos o quanto já dominamos e conhecemos as nossas capacidades, pelo que abdicar delas é abdicar de nós e isso é muito difícil. pesamos bem cada vantagem que a entrada do outro na nossa vida pode trazer e contrabalançamos com cada cedência e compromisso necessários para que o outro não se sinta desfalcado. e aqui há sempre espaço para o engano. quantas vezes fingimos que cedemos aqui e ali e depois descobrimos que afinal não somos capazes de cumprir e ao fim de algum tempo, estamos a fazer como sempre fizémos. e não é por mal, mas somos mesmo assim e o outro já devia saber, pois já namoramos há algum tempo e, além disso, ele também deu a entender que ia ser assim ou assado, mas afinal não foi.
e amar como nos romances? a entrega total ao outro? o não esperar retribuição? o mergulhar de cabeça no escuro e acreditar que tudo vai correr tão bem que poderás dizer "...e viveram felizes para sempre"? com sorte, sabemos nós agora, iremos ter momentos felizes de vez em quando, o resto é muito trabalho e dedicação de ambas as partes para manter a relação à tona, a funcionar, ainda que num nível básico e fazer por sentir que os aspectos positivos vão compensando os menos bons. dir-se-á que não é romântico e com razão. mas é assim mesmo e é sempre um pouco melhor que vivermos só para nós, pois o outro representa agora uma parte do mundo lá fora e nós prrecisamos de estar ligados a ele.
agora, amar é toda uma panóplia de sentimentos causadores de desgaste e emoções contrastantes. tudo serve para determinações e contraposições. se, por um lado, amamos o outro como ele nos parece aos nossos olhos, sabemos já que nem sempre o que parece é e pomos imediatamente um pé atrás e ficamos à espera, de soslaio, que a dúvida apareça, que a falha surja, que o defeito se revele. tudo isto, só para podermos dizer, em tom semi-vitorioso, semi-contristado, "eu sabia, é sempre assim", esquecendo as nossas próprias miniducências. se acreditamos que o outro tem algo novo para nos ensinar, também sabemos o quanto já dominamos e conhecemos as nossas capacidades, pelo que abdicar delas é abdicar de nós e isso é muito difícil. pesamos bem cada vantagem que a entrada do outro na nossa vida pode trazer e contrabalançamos com cada cedência e compromisso necessários para que o outro não se sinta desfalcado. e aqui há sempre espaço para o engano. quantas vezes fingimos que cedemos aqui e ali e depois descobrimos que afinal não somos capazes de cumprir e ao fim de algum tempo, estamos a fazer como sempre fizémos. e não é por mal, mas somos mesmo assim e o outro já devia saber, pois já namoramos há algum tempo e, além disso, ele também deu a entender que ia ser assim ou assado, mas afinal não foi.
e amar como nos romances? a entrega total ao outro? o não esperar retribuição? o mergulhar de cabeça no escuro e acreditar que tudo vai correr tão bem que poderás dizer "...e viveram felizes para sempre"? com sorte, sabemos nós agora, iremos ter momentos felizes de vez em quando, o resto é muito trabalho e dedicação de ambas as partes para manter a relação à tona, a funcionar, ainda que num nível básico e fazer por sentir que os aspectos positivos vão compensando os menos bons. dir-se-á que não é romântico e com razão. mas é assim mesmo e é sempre um pouco melhor que vivermos só para nós, pois o outro representa agora uma parte do mundo lá fora e nós prrecisamos de estar ligados a ele.